segunda-feira, 19 de julho de 2010

EUCALIPTO – HERÓI OU VILÃO?

O que todos já sabem: que é precoce na produção de madeira, espécie exótica originária da Austrália, que sua madeira tem inúmeras utilidades, que uma das espécies tem um odor bastante agradável e é utilizado como perfumante e desinfetante. À nível de produtores, podemos destacar mais algumas propriedades conhecidas desta cultura: que pode ser utilizada para formação da Reserva Legal (se é que ela vai existir) com direito à cortes, desde que se plante em consórcio 200 mudas de espécies nativas por hectare, que é uma potencial fonte de renda – há quem acredite que é um gerador de riqueza (R$ 35,00 a R$45,00 o metro cúbico em pé em Junho/2010), e que sua implantação necessita de cuidados.
Mas o eucalipto é envolto por mitos e boas verdades que merecem ser expostas (me perdoem os Agrônomos – Grandão, Gustavo, Paulo, Elias, Ricardo, Ivo, Sabino...pela minha intromissão em área alheia). Agora as lendas e verdades:
Eucalipto seca o solo. Mentira, lenda rural. Suas raízes medem no máximo 2,5 metros, não alcançam o lençol freático, conseguem absorver mais água quando o solo está úmido e menos na estação da seca. Em resumo “bebem” menos água do que a cana-de-açucar, soja, bovinos e até feijão.
Eucalipto empobrece o solo. Nada disso. O que ele consome via solo é devolvido na forma de matéria orgânica pelas folhas e cascas. Basta após a colheita deixar estes restos no solo e não queimá-los (acreditem, alguns fazem isto).
Eucalipto gera o chamado deserto verde. Mito. Esta afirmação partiu de representantes de ONGs que analisam o plantio desta importante ferramenta de preservação do que sobrou de florestas nativas (reduz a pressão de corte), à partir da vigilância nos arredores das grandes produtoras de papel e celulose (Klabin, Aracruz...). No envolto destas empresas ocorre o florestamento com eucalipto ou pinus, matérias-prima para o seu funcionamento, o que caracteriza monocultura, palavra que provoca os mesmos sintomas da TPM nos representantes das ONGs. Porém sendo uma cultura que demanda 2 a 7 anos para corte (ou mais, dependendo da finalidade), possibilita a presença de fauna nômade, com permissão para ambiente reprodutivo, inclusive. São os denominados corredores ecológicos, pois permitem que os animais alcancem as florestas nativas.
Quanto ao seu papel sócio-econômico, é uma cultura que gera empregos diretos e indiretos, desde a produção de mudas até o corte e beneficiamento (como qualquer outra) e ajuda à combater o efeito estufa pelo consumo de carbono da atmosfera (10 toneladas por hectare por ano)
Este é o Eucalipto. Herói, e injustiçado, não tenho dúvidas. Para as variantes de sistemas de implantação e produtividade escrevo durante as férias, como foi prometido em sala de aula.

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